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terça-feira, 3 de julho de 2012

AS INQUIETAÇÕES DOS DOCENTES EM RELAÇÃO A APRENDIZAGEM DOS ALUNOS


Texto produzido por: Enne, Dorinha e Jamilla, após discussão do texto A ROTULAÇÃO DE ALUNOS COMO PORTADORES DE " DISTÚRBIOS OU DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM:UMA QUESTÃO A SER REFLETIDA de Luciana M. Lunardi Campos.



Na sociedade contemporânea as instituições escolares, vêm passando por grandes transformações no ensino e nas relações entre professor e aluno, onde o foco na aprendizagem, tornou-se motivo de discussão nas rodas de conversas entre professores, psicólogos, psicopedagogos e outros profissionais envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, pelo fato de muitos alunos apresentarem distúrbios ou dificuldades ou problemas  de aprendizagem. Sendo que a rotulação é  inevitável, pois, sem generalizar, alguns professores optam por caracterizar um aluno como “problemático” ou “preguiçoso”, entre outros adjetivos para definir um distúrbio ou dificuldade no ato de aprender.
A realidade social de uma grande parte da população brasileira  é de descaso  na  rede regular de ensino, onde muitas escolas estão sucateadas e carentes de equipamentos , materiais didáticos e até mesmo na valorização do corpo docente que com salas muito numerosas não conseguem executar um bom trabalho, deixando de lado algumas crianças que não  se desenvolvem na idade certa, necessitando de um acompanhamento mais diretivo.
Pode-se citar como exemplo, uma escola da rede municipal de ensino, onde a professora com 25 anos de magistério , possui uma turma de 3º ano do ensino fundamental, com  28 alunos, sendo que, um tem Síndrome de Down, duas irmãs tem mãe alcoólatra e passam o dia recolhendo lixo nas ruas, um adolescente de 14 anos, repetente, que os pais são usuários de drogas, além de outros  descasos e abandono que algumas crianças enfrentam. Esta professora, encara sérias situações de indisciplina na sua sala que são oriundas dos relacionamentos familiares e sociais desses alunos. Muitos deles são rotulados com distúrbios ou dificuldade de aprendizagem. A educadora alega que não tem mais saúde e paciência para trabalhar tais problemas, deixando muitas vezes os alunos sem acompanhamento pedagógico.
Isso tudo reflete no processo de ensino-aprendizagem, pois exemplos como esses, existem na maioria das escolas da rede pública de ensino, principalmente as que situam-se nas periferias das cidades. Mas , ressalta-se a necessidade de refletir-se sobre a situação desta professora, será que ela é  a única culpada pelo fracasso escolar de sua turma? Ou o reflexo social destas crianças interfere na aquisição da aprendizagem?São indagações pertinentes para  o desenrolar do texto , pois as dúvidas em atribuir ao aluno um distúrbio, ou dificuldade, ou problema de aprendizagem persistem nos corredores das escolas.
No entanto falando em problema de aprendizagem, podemos citar outro caso como de uma aluna do 1º ano do ensino fundamental, que não conseguia acompanhar a turma, então a escola a qual estudava aconselhou seus pais a matricularem a mesma em uma escola para crianças especiais, sem indicativa de procurar outros especialistas. No ano seguinte, seus pais procuraram uma nova escola para que ela pudesse repetir o ano citado, e esta instituição de ensino possuía sala de recursos multifuncionais, onde a educanda foi matriculada e iniciou um trabalho em cima de sua dificuldade. Após três meses, a garota passou do nível pré-silábico II para o nível alfabético, na qual realizava leitura simples e escrita de palavras de forma adequada. Constatou-se que a criança não possuía nenhum distúrbio de aprendizagem,era somente a falta de um apoio pedagógico  que estimulasse seu potencial e desenvolvesse habilidades de leitura e escrita.
Analisando a atitude da escola antiga da garota, verifica-se que faltou um pouco de interesse em ajudá-la, optaram por rotulá-la, sem  darem chance da criança progredir, tornando a situação muito cômoda para a escola.
Uma outra situação da mesma escola  é a de um garoto de 6 anos de idade que está no 1º ano do ensino fundamental, ele apresenta distúrbio de aprendizagem, pois possui exames  que confirmam comprometimentos neurológicos, devido a crises de epilepsia, o mesmo toma medicamentos que dificulta a fixação de conhecimentos. Não consegue memorizar letras e números com facilidade, sua coordenação motora fina é pouco desenvolvida, comunica-se bem, é sociável, mas reclama que não tem amigos na sala de aula. Ao mesmo tempo que a sala em que estuda é numerosa,impossibilitando sua professora de dar mais atenção pra ele. Novamente a escola, orientou sua mãe a procurar uma escola especial, ou um psicopedagogo. Enfatiza-se mais ainda, a quantidade de alunos por sala em que muitas escolas possuem, tornando o ensino muito desgastante, pois o professor tem que cumprir, planos de trabalho, realizar avaliações e muitas vezes deixam de ter um olhar crítico  em cima de sua prática docente.
Existe também caso em que o aluno apresenta sérios comprometimentos, não interage com outros alunos da sala, não participa das atividades propostas,não consegue identificar letras e números, agride os colegas de sala, belisca a professora e muitas de suas atitudes demonstram que sua idade mental não condiz com sua idade cronológica. Esta criança está inserida em uma sala de 2º ano do ensino fundamental. Iniciou seus estudos com 11 anos de idade, agora com 12, ele frequenta escola diariamente , mas a professora não tem muita experiência em trabalhar com criança que apresenta algum tipo de deficiência, o que a deixa muito angustiada, pois ele conturba a sala e agita os outros alunos, dificultando o andamento da aula. Mas o problema maior é a família, pois a mesma não aceita que a criança tenha deficiência intelectual e não busca o apoio de outros profissionais para ajudar no desenvolvimento deste aluno.
        Contudo, observa-se que em todas as escolas existem casos parecidos com os que foram citados, mas os professores não possuem recursos para identificar com precisão do que se trata cada caso. Será um distúrbio? Dificuldade de aprendizagem? Deficiência Intelectual?Sabe-se que todos são vistos como barreiras que impedem aprendizagem dos alunos. No entanto,algumas dessas barreiras são transponíveis, necessitando um pouco mais de empenho e dedicação de muitos docentes