Texto produzido por: Enne, Dorinha e Jamilla, após discussão do texto A ROTULAÇÃO DE ALUNOS COMO PORTADORES DE " DISTÚRBIOS OU DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM:UMA QUESTÃO A SER REFLETIDA de Luciana M. Lunardi Campos.
Na sociedade contemporânea as instituições escolares,
vêm passando por grandes transformações no ensino e nas relações entre
professor e aluno, onde o foco na aprendizagem, tornou-se motivo de discussão
nas rodas de conversas entre professores, psicólogos, psicopedagogos e outros
profissionais envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, pelo fato de
muitos alunos apresentarem distúrbios ou dificuldades ou problemas de aprendizagem. Sendo que a rotulação é inevitável, pois, sem generalizar, alguns
professores optam por caracterizar um aluno como “problemático” ou
“preguiçoso”, entre outros adjetivos para definir um distúrbio ou dificuldade
no ato de aprender.
A realidade social de uma grande parte da população
brasileira é de descaso na
rede regular de ensino, onde muitas escolas estão sucateadas e carentes
de equipamentos , materiais didáticos e até mesmo na valorização do corpo
docente que com salas muito numerosas não conseguem executar um bom trabalho,
deixando de lado algumas crianças que não
se desenvolvem na idade certa, necessitando de um acompanhamento mais
diretivo.
Pode-se citar como exemplo, uma escola da rede
municipal de ensino, onde a professora com 25 anos de magistério , possui uma
turma de 3º ano do ensino fundamental, com
28 alunos, sendo que, um tem Síndrome de Down, duas irmãs tem mãe
alcoólatra e passam o dia recolhendo lixo nas ruas, um adolescente de 14 anos,
repetente, que os pais são usuários de drogas, além de outros descasos e abandono que algumas crianças
enfrentam. Esta professora, encara sérias situações de indisciplina na sua sala
que são oriundas dos relacionamentos familiares e sociais desses alunos. Muitos
deles são rotulados com distúrbios ou dificuldade de aprendizagem. A educadora
alega que não tem mais saúde e paciência para trabalhar tais problemas,
deixando muitas vezes os alunos sem acompanhamento pedagógico.
Isso tudo reflete no processo de ensino-aprendizagem,
pois exemplos como esses, existem na maioria das escolas da rede pública de
ensino, principalmente as que situam-se nas periferias das cidades. Mas ,
ressalta-se a necessidade de refletir-se sobre a situação desta professora,
será que ela é a única culpada pelo
fracasso escolar de sua turma? Ou o reflexo social destas crianças interfere na
aquisição da aprendizagem?São indagações pertinentes para o desenrolar do texto , pois as dúvidas em
atribuir ao aluno um distúrbio, ou dificuldade, ou problema de aprendizagem
persistem nos corredores das escolas.
No entanto falando em problema de aprendizagem,
podemos citar outro caso como de uma aluna do 1º ano do ensino fundamental, que
não conseguia acompanhar a turma, então a escola a qual estudava aconselhou
seus pais a matricularem a mesma em uma escola para crianças especiais, sem
indicativa de procurar outros especialistas. No ano seguinte, seus pais
procuraram uma nova escola para que ela pudesse repetir o ano citado, e esta
instituição de ensino possuía sala de recursos multifuncionais, onde a educanda
foi matriculada e iniciou um trabalho em cima de sua dificuldade. Após três
meses, a garota passou do nível pré-silábico II para o nível alfabético, na
qual realizava leitura simples e escrita de palavras de forma adequada.
Constatou-se que a criança não possuía nenhum distúrbio de aprendizagem,era
somente a falta de um apoio pedagógico
que estimulasse seu potencial e desenvolvesse habilidades de leitura e
escrita.
Analisando a atitude da escola antiga da garota, verifica-se
que faltou um pouco de interesse em ajudá-la, optaram por rotulá-la, sem darem chance da criança progredir, tornando a
situação muito cômoda para a escola.
Uma outra situação da mesma escola é a de um garoto de 6 anos de idade que está
no 1º ano do ensino fundamental, ele apresenta distúrbio de aprendizagem, pois
possui exames que confirmam
comprometimentos neurológicos, devido a crises de epilepsia, o mesmo toma
medicamentos que dificulta a fixação de conhecimentos. Não consegue memorizar
letras e números com facilidade, sua coordenação motora fina é pouco
desenvolvida, comunica-se bem, é sociável, mas reclama que não tem amigos na
sala de aula. Ao mesmo tempo que a sala em que estuda é
numerosa,impossibilitando sua professora de dar mais atenção pra ele. Novamente
a escola, orientou sua mãe a procurar uma escola especial, ou um psicopedagogo.
Enfatiza-se mais ainda, a quantidade de alunos por sala em que muitas escolas
possuem, tornando o ensino muito desgastante, pois o professor tem que cumprir,
planos de trabalho, realizar avaliações e muitas vezes deixam de ter um olhar
crítico em cima de sua prática docente.
Existe também caso em que o aluno apresenta sérios
comprometimentos, não interage com outros alunos da sala, não participa das
atividades propostas,não consegue identificar letras e números, agride os
colegas de sala, belisca a professora e muitas de suas atitudes demonstram que
sua idade mental não condiz com sua idade cronológica. Esta criança está
inserida em uma sala de 2º ano do ensino fundamental. Iniciou seus estudos com
11 anos de idade, agora com 12, ele frequenta escola diariamente , mas a
professora não tem muita experiência em trabalhar com criança que apresenta
algum tipo de deficiência, o que a deixa muito angustiada, pois ele conturba a
sala e agita os outros alunos, dificultando o andamento da aula. Mas o problema
maior é a família, pois a mesma não aceita que a criança tenha deficiência
intelectual e não busca o apoio de outros profissionais para ajudar no
desenvolvimento deste aluno.
Contudo, observa-se que em todas as escolas existem casos
parecidos com os que foram citados, mas os professores não possuem recursos
para identificar com precisão do que se trata cada caso. Será um distúrbio?
Dificuldade de aprendizagem? Deficiência Intelectual?Sabe-se que todos são
vistos como barreiras que impedem aprendizagem dos alunos. No entanto,algumas
dessas barreiras são transponíveis, necessitando um pouco mais de empenho e
dedicação de muitos docentes